Anúncio de Passos é "uma floresta de enganos", defende Sócrates
"Este anúncio do primeiro-ministro [de saída do período de ajustamento sem programa cautelar] é uma floresta de enganos." Foi esta a forma encontrada por José Sócrates, no habitual comentário dominical na RTP, para criticar a decisão do Executivo, que reconhece, no entanto, como sendo "boa para o País".
Isto porque o antecessor de Passos Coelho mantém a tese de que foi o presidente do PSD "a procurar" o resgate financeiro para "provocar uma crise política" e chegar mais depressa "ao poder", vincando que o Estado tinha condições para pagar salários e pensões.
O ex-secretário-geral do PS diz mesmo que o primeiro-ministro viu no programa de assistência económica e financeira "um facilitador" e "um aliado" - recorrendo a palavras de 2011 de Passos - para "aplicar a sua agenda ideológica" e assinalou o "rasto de devastação" que três anos de troika deixaram em Portugal. Três que, defende, "não deveriam ter acontecido".
"Eu tinha razão", referiu o comentador, para quem a ajuda externa não deveria ter sido pedida, assinalando ainda que a "saída limpa" do ajustamento só acontecerá porque tanto as políticas do Governo como da troika vão a votos.
Méritos ao Executivo Sócrates não reconhece - enfatiza a mudança de comportamento do Banco Central Europeu e a redução das taxas de juro -, pelo que desafia os portugueses a encontrarem "um indicador que tenha sido cumprido".
Para o futuro e a rematar, um recado a António José Seguro: "Não podemos voltar a ter um Governo tão apaixonado pela austeridade como este."